A Imprensa Nacional-Casa da Moeda apresentou ontem, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o vol. 2 da coleção «Obras de Mário Soares», A História Contada, composto por dois tomos, “Ditadura e Revolução” e “Democracia. O Presidente”. A obra, uma longa entrevista que Soares concedeu à jornalista Maria João Avillez, foi apresentada por Teresa Patrício Gouveia, numa cerimónia que contou com a presença do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois dos lançamentos do Vol. 0, As Ideias Políticas e Sociais de Teófilo Braga – Com notas de leitura de António Sérgio e cartas sobre a obra, e do Vol. 1, Portugal Amordaçado, um dos mais importantes testemunhos da luta contra o regime de Salazar e um título central na vasta bibliografia do seu autor, a coleção prossegue agora com A História Contada de Mário Soares com Maria João Avillez, que teve a sua primeira publicação na década de 1990, em três volumes.
Centrada no percurso político de Mário Soares, esta conversa de Maria João Avillez está, nesta nova edição, dividida cronológica e tematicamente em dois tomos: “Ditadura e Revolução”, que abarca os primeiros cinquenta anos de vida do líder socialista durante o Estado Novo e o 25 de Abril; e “Democracia e O Presidente”, que acompanha os vinte anos de institucionalização e consolidação do regime democrático, em que Soares foi primeiro-ministro, líder da oposição e Presidente da República.
Com prefácio de Maria João Avillez, conta também com um ensaio inédito do historiador David Castaño, um texto de José Manuel dos Santos, coordenador da coleção, e um dicionário biográfico de acontecimentos, atualizado pelos historiadores Pedro Marques Gomes e Teresa Leitão.
Para Maria João Avillez, “foi antes de mais um grande orgulho a escolha destes meus livros para integrar a reedição das obras do Dr. Mário Soares. Estou imensamente grata à família Soares, à INCM e à Fundação Mário Soares-Maria Barroso por esta formidável oportunidade”. A jornalista considera também que “através da leitura deste livro refazemos o caminho de alguém a quem Portugal deve algumas coisas com importância e seguimos a memória de um político incomum que em muitos casos e circunstâncias atuais devia ser lembrada, seguida e aplicada, gostaria muito que estes livros fossem lidos ou voltassem a ser relidos. Além de que o meu próprio reencontro com este personagem tão forte foi também um momento sentimental: tenho muitas saudades do Dr. Soares. Agora fiquei com mais.”
Já Duarte Azinheira, administrador da INCM, realça que “este monumental livro, em dois tomos, que a Imprensa Nacional agora publica, dá continuidade à coleção Obras de Mário Soares.
É um trabalho laborioso de investigação e organização da memória, que nos dá conta do longo caminho percorrido rumo à democracia portuguesa e à sua consolidação. É esta uma das missões de salvaguarda patrimonial da Imprensa Nacional, a editora pública portuguesa.”
A coleção «Obras de Mário Soares» baseia-se na investigação de mais de dois milhões de documentos do arquivo do antigo Presidente da República, muitos deles inéditos.
Esta é uma coleção que, nos seus vários volumes criteriosamente documentados, além das múltiplas obras publicadas em vida – como ensaios doutrinários, depoimentos, crónicas, entrevistas, memórias, discursos e intervenções – acolherá inúmeros escritos inéditos e dispersos, como milhares de cartas trocadas com grandes figuras nacionais e internacionais. Um vasto espólio que tem sido estudado, transcrito e anotado, dando-se a conhecer, nesta coleção, pela primeira vez, toda a obra escrita e o pensamento político e intelectual de Mário Soares, figura fundamental da nossa história contemporânea, cujos testemunhos são uma fonte primária, insubstituível e essencial da historiografia portuguesa, mas também europeia e mundial recentes.
A coordenação da coleção é da responsabilidade de José Manuel dos Santos, antigo assessor e colaborador próximo de Mário Soares, para quem “estas Obras de Mário Soares são as de um político que queria ser escritor – e que foi escritor ao ter sido político. Para ele, a escrita e a política eram duas formas de fazer o mundo. Sem uma, a outra não era ela. Com as duas, cada uma era ainda mais do que era.”
A coleção «Obras de Mário Soares» conta também com uma comissão científica composta por diversas personalidades, entre as quais historiadores e académicos.
José Manuel dos Santos, sublinha ainda: “as ‘Obras de Mário Soares’, são, pela sua magnitude, um instrumento fundamental para o conhecimento da nossa história política e cultural contemporânea, constituindo também um precioso utensílio para a construção de uma biografia futura de Mário Soares e uma forma de melhor compreendermos a personalidade e a ação desta figura cimeira dos séculos XX e XXI.”