Morte no rio do ouro, trabalho assinado pela jornalista Christiana Martins e publicado no jornal Expresso, é o grande vencedor da 4.ª edição do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva, atribuído pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), em parceria com o Clube de Jornalistas.
O trabalho vencedor é uma investigação aprofundada sobre o garimpo ilegal ilícito de ouro no rio Madeira, o 17.º entre os maiores cursos fluviais do mundo. Uma história cheia de sombras, onde ninguém é totalmente inocente, desde os garimpeiros, que procuram uma vida melhor, à custa da sua saúde e das condições em que trabalham, poluindo o rio de mercúrio, até políticos que não respeitam as leis federais de proteção da natureza e que delimitam o garimpo, bem como de outros personagens que ganham com a desmatação e o tráfico de droga. Pelo meio há mortes dos que se opõem aos crimes contra a floresta amazónica e à expulsão dos índios que ocupam aqueles territórios e afirmações de responsáveis políticos e policiais tentando amenizar este quadro desumano e justificar o injustificável.
O júri do Prémio, presidido por Nicolau Santos, presidente do Conselho de Administração da RTP, e composto ainda por David Pontes, diretor do Público, João Vieira Pereira, diretor do Expresso, Francisco Belard, vice-presidente do Clube de Jornalistas, e Luísa Meireles, diretora de Informação da Agência Lusa, decidiu distinguir o texto Morte no rio do ouro, de Christiana Martins, por se tratar de «excelente jornalismo de investigação».
O júri decidiu ainda atribuir duas menções honrosas: ao trabalho de investigação Operação Lawrence – A aventura do banqueiro Ricardo Salgado no país do coronel Kadhafi, de Paulo Barriga, Micael Pereira, Filipe Teles e Pedro Coelho, «uma extraordinária investigação jornalística, que lança uma nova luz sobre o homem conhecido por DDT», e à reportagem multimédia Baixa de Lisboa: Liquidação Total, assinada por Rúben Tiago Pereira, com Hélder Martins, infografia e tratamento de dados de Sofia Miguel Rosa, fotografias de Nuno Fox, webdesign de Tiago Pereira Santos e apoio web de João Melancia e Maria Romero, que o júri classifica como «um magnífico exemplo de investigação e jornalismo multimédia».
Christiana Martins nasceu no Rio de Janeiro e há 33 anos vive em Portugal. É licenciada em Ciências da Comunicação e fez o mestrado na mesma área, ambas as formações na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou no Diário de Notícias, trabalhou no Público e está no Expresso desde o ano 2000. Passou pelas secções de Economia, de Sociedade e trabalha atualmente na Revista. Publicou dois livros, 30 Anos de Jornalismo Económico em Portugal e Para além das Cinzas.
Foi estudante Erasmus em Louvain-la-Neuve, bolseira da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento na Universidade de Boston e do Projeto Newsplex na Universidade da Carolina do Sul. Recebeu o prémio de melhor artigo de Economia do Clube dos Jornalistas (2000), o terceiro prémio europeu patrocinado pela Comissão Europeia Contra a Discriminação (2008), o prémio nacional de Saúde patrocinado pela Comissão Europeia (2010), uma bolsa financiada pela Roche/Sindicato dos Jornalistas na área de Saúde (2017) e o prémio Manuel Falcão (2020). A versão televisiva da reportagem na Amazónia recebeu já este ano o segundo lugar do Prémio para a Sustentabilidade da Fundação Mestre Casais/CEiiA.
O Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva da INCM visa distinguir trabalhos que reforcem os diferentes estilos da imprensa escrita, seja através da investigação, da reportagem ou da análise, que contribuam para uma sociedade mais informada, e atribui ao vencedor uma bolsa de investigação jornalística no valor de 5000 euros. Visa ainda prestar homenagem a Vicente Jorge Silva, figura de destaque no jornalismo português das últimas décadas.